É curioso que tanto se fale no fairplay quando acontece uma tragédia, quando um jogador parte violentamente a perna de outro jogador, quando se dá uma agressão violentíssima e feia... quando se dão casos destes no futebol, lá vem à baila a necessidade do fairplay. De se fazer tudo para que o futebol se jogue sem violência, sem maldade...
E eu compreendo muito bem todos estes argumentos. Aliás, às vezes ainda sou gozado neste blog, criticam-me de não perceber que o futebol é mesmo assim, violento, para se jogar com o corpo, em que vale o empurrão, vale o puxão de camisola, vale tudo... para se ganhar vale tudo... E quem perde, «são uns mariquinhas...».
Pois, isto vale sempre até ao dia do escândalo, quando alguém atinge o adversário numa violência tal que aquilo ganha dimensão de escândalo!
Pois, neste momento em que vivemos não tem havido escândalos nenhuns a este nível... nem me lembro de, esta ápoca desportiva ter acontecido alguma situação dessas muito grave! Acho que nem houve...
Agora, o que me choca, é que se faça todo esse discurso, do Fair Play, que se crie os prémios de fair play nos torneios, que se ande sempre a apregoar uma frase, um conceito, que depois ninguém respeita... e os que respeitam passam a ser os tótós!!!
É como aquelas pessoas que nos passam nas filas de carros pela berma e depois metem-se à bruta... quando passaram à frente de 200 carros e já estão na fila que queriam, dizem de nós, que respeitamos os outros, «gandas tótós... ficam ali na bicha.... ».
É o chico-espertismo como modo de vida. Uma coisa muito portuguesa, e que também se vê no futebol!
Mas o que me deixa verdadeiramente irado nem sequer é que existam clubes, treinadores, equipas tecnicas e, pasme-se, até selecções (foi o que vi ontem na Vidigueira com a selecção do Algarve) que incentivam os miudos a jogar na velha regra do antigamente: «Ou passa a bola ou passa o jogador, os dois nunca!».
Pois, foi isto que vimos ontem na Vidigueira entre a equipa do Setúbal e a equipa do Algarve.
Estamos a falar de selecções de futebol SUB14.
Miudos de 14 anos.
Num torneio que é organizado pela Federação Portuguesa de Futebol e pelas Associações.
Estamos a falar de quem manda no futebol em Portugal.
Pois, dizia eu, o que me surpreende nem sequer é o facto de existirem treinadores que incentivem a esse tipo de futebol feio, manhoso, violento, agressivo, horrível... em que estamos sempre a meter as mãos na cabeça à espera que saia outro miúdo para o hospital...
O que me surpreende mesmo é que existam árbitros, e mais não sei quantas pessoas que são funcionários da federação e das associações, e toda a gente olhe para aquilo com a maior das naturalidades.
Aquilo não é futebol!
Um miúdo que passa o jogo todo a meter os pitons nas pernas do adversário, carrinhos às pernas quando a bola já passou, saltos para as costas dos jogadores quando a bola já não está lá, sanduiches a jogadores já sem bola... coisas completamente fora de tempo... e um árbitro absorto, a olhar para tudo aquilo com olhos de carneiro mal morto, com toda a naturalidade... isto é que me choca!
Nem um cartão amarelo, nadinha... Só aplicou um quando viu os pais exaltados, quando um jogador do Setúbal levou um pontapé na cara... só aí... mas porque muito pressionado. Senão... era para seguir...
Querem fair play?
Trabalhem o fair play!
Premeiem os miúdos que jogam na bola...
Penalizem os jogadores que dão na canela com intensão de aleijar...
Mas já vi que não há muita vontade!
Sei bem que há muita gente que gosta é de ver estes miudos, os caceteiros, a jogar. Isto é que é!
«Futebol é assim», dizem eles orgulhosos ... Até o dia em que um filho deles entre em casa com uma perna partida... e aí, talvez, já mudem de ideia...
Quando era tão fácil.
Custa alguma coisa parar um jogo, chamar um miúdo e dizer-lhe calmamente: «Rapaz, se voltas a atirar-te às pernas do aversário quando ele já nem tem a bola, vais para a rua! Joga lá futebol e dixa-te disso!»
Mas parece que não! Não estão para isso.
O Fair Play...
Quando oiço falar no Fair Play já me dá vontade de virar as costas... É como os políticos, que só se lembram dos portugueses na véspera das eleições...
Assim são os dirigentes desportivos e árbitros, falam no fair play quando há uma crise grave... mas no dia-a-dia, estão-se nas tintas... o «futebol é assim», dizem eles...
No jogo da Vidigueira um miudo que não conseguiu atingir a perna de um dos nossos, que precavido saltou por cima dele, estava no chão deitado e ainda tentou agarrar as pernas do nosso jogador com as mãos... vejam lá o ridículo a que aquilo chegou! Agarrar as pernas do jogador com as mãos... tudo normal! Não passa nada... os 3 árbitros, tranquilíssimos... é o futebol... é assim!
para aquela gente, tudo normal...
É o futebol que temos!!!
Viva o fair Play no papel...
UMA IDEIA:
Sabem como se promovia o fair play?
Não é com prémios «fair play», que normalmente são atribuídos às equipas que ficam em último lugar! sabe-se lá porquê!... prémios que não servem para nada, ninguém liga nada àquilo...
Os que deram a cacetada toda levam a taça e até se riem quando vêem os que levaram a porrada toda a receberem o prémio fairplay... Não serve para nada!
Obviamente as equipas que jogam muito duro, lesionam adversários, amedrontam jogadores, não deixam jogar, cortam todo o fio de jogo, porque mesmo que não cheguem à bola, chegam à perna do aversário. Se o árbitro deixa seguir, o crime compensa. Ganham jogos. Ganham taças. Com futebol horrível, mas ganham tudo!
Como se promovia o fair play?
Era humilhando os jogadores que jogam feio!
Era tendo a coragem de ensinar árbitros a penalizar esse futebol.
Era dar o prémio «Sem fair play» às equipas que jogam feio... humilhá-las perante os outros!
Mas eu sei que este é um assunto que não interessa, sei bem que 90% das pessoas que estão ligadas ao futebol, gostam mesmo é disso... "faz parte do futebol", dizem!...
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