Estava eu a olhar para a tabela classificativa da 3ª Divisão Iniciados.
E constato esta coisa interessante:
O único, julgo que foi mesmo o único, jogo em que a equipa B levou todos (ou quase todos... de certeza que havia alguns lesionados) os Iniciados de 1.º ano, porque naquela semana a Equipa «A» jogou no sábado, e pudemos levar os miudos à equipa B no domingo... dizia eu, o único jogo que fizemos com praticamente toda a equipa de miudos de 1.º ano, foi contra o Leão Altivo.
Alguém se lembra desse jogo??
Ah pois é... demos bigode ao Leão Altivo, dominámos o jogo todo, desperdiçámos «n» oportunidades de golo, fizemos um jogão.
O Leão Altivo raramente chegou à nossa área. Marcou dois golos que foram fotocópia: Um livre direto do meio da rua... a pingar por cima do guarda-redes, que é mal batido. E é mal batido duas vezes seguidas... 2 livres a mais de 5 metros da linha da área...
Perdemos 2-1 com um sabor amargo! Um jogo em que dominámos do primeiro ao último minuto. E perdemos! Mal, mas perdemos!
Agora olho a tabela classificativa, e quem é que vai lá no 1.º lugar tranquilamente, com 4 pontos de avanço sobre o 2.º lugar?
Ah pois, o mesmo Leão Altivo...
Engraçado não é?
Moral da História. Se não tivéssemos 4 ou 5 jogadores sempre a jogar na Equipa «A», mas antes na «B», a sua equipa natural, provavelmente estávamos a disputar os 1.ºs lugares da 3ª divisão.
A verdade é que no início da época se definiu que não iria ser assim, até porque não havia jogadores de 2.º ano suficientes para preencher o plantel!
Diria que agora já haveria esse número, no entanto, há que referir que a equipa técnica entende que há miúdos de 1.º ano com mais qualidade que outros de 2.º ano.
E Há jogadores que são peças obrigatórias nesta equipa «A». Dos quais nomeio os que são sempre convocados, o Iuri, o Leo, o Varandas, o Gonçalo... com intermitências, o Santana, o Mário, o Marcos, o André Horta,o Ezequiel...
Esta opção tinha os seus riscos e todos nós o discutimos numa reunião aberta com o mister Fernando no início da época. Ficou assim decidido e nada há a fazer!
Teria sido melhor juntar todos os miúdos de 1.º ano na equipa «B»??
Para estes miúdos, nascidos em 1997, teria obviamente sido melhor. Por várias razões, das quais destaco:
- Mantinha-se o espírito de grupo que já vinha de trás, da época anterior
- Estávamos a criar rotinas no grupo que se prolongavam por duas épocas
- No campeonato do ano que vem teríamos, certamente, uma equipa de Iniciados muito mais forte, com um espírito de grupo muito mais vincado, com rotinas certamente muito afinadas. Era uma equipa com outra rodagem, que daria os seus resultados certamente! Assim, para a época que vem... se os miúdos se mantiverem no Almada (tenho dúvidas... tenho sentido muito desencanto entre vários dos miúdos... por razões variadas que não vou expor aqui, por razões óbvias ) será uma equipa a formar de novo...
- Os miúdos jogavam contra equipas mais fracas, o que lhes permitia ter mais sucesso, e com isso aumentar a auto-estima, a auto-confiança. necessariamente jogariam melhor.
- Podiam conseguir sucesso ao nível de serem campeões distritais, mesmo que não tivesse quaisquer consequências práticas, já que a equipa não podia subir à 2ª divisão, já que tem lá outra equipa.
No entanto, a opção foi esta, e há que respeitar. Eu próprio defendi a solução que acabou por ser seguida. Sempre achei que, havendo um plantel curto, não fazia sentido usar os melhores jogadores disponíveis numa equipa «B» que não tem ambições, quando se podia usá-los numa equipa «A», essa sim com ambições de subida de divisão, ou no mínimo de disputar os primeiros lugares da tabela.
Neste momento, cumpridas 15 jornadas (em 26) julgo estar praticamente afastada essa possibilidade de subida de divisão. Há a possibilidade, sim, em termos aritméticos, mas não é um objetivo que se possa dizer estar ali ao alcance. pelo contrário. Seria preciso não perdermos mais nenhum jogo, e isso só acontecerá se tivermos sorte em todos os jogos, se conseguirmos fazer grandes jogos em todos os 70 minutos (na semana passada dizem-me que fizemos um grande jogo nos primeiros 35... mas depois demos o jogo ao adversário... não houve capacidade de manter o nível e, dizem-me, não houve capacidade de ler o jogo e fazer alterações tácticas que se impunham no momento certo...) Com a derrota da semana passada estamos a 7 pontos dos 2.º e 3.º lugares... a 14 do 1.º... Ou seja, tínhamos que ser imbatíveis daqui para a frente!
Neste momento temos uma equipa «A» com um comportamento interessante, ainda a disputar os lugares do topo da tabela, mas com muitas fragilidades.
Nunca sabemos quando é que os miúdos fazem um bom jogo e trocam bem a bola, ou quando metem a cabeça no chão e é cada um para seu lado.
Nunca sabemos quando defendemos bem, fazemos as marcações, impedimos o adversário de jogar, e quando andamos desplicentes em campo, sem marcar, a correr só quando é para ir para a frente... Para trás... «outros que corram que eu não me apetece...»
Nunca sabemos quando os jogadores têm espírito altruísta e passam a bola ao colega melhor colocado, ou quando entram em campo com a ganância de fazer tudo sozinhos...
Ou seja, uma equipa muito descaracterizada. Capaz do melhor e do pior!
A equipa «B» então... é aquilo que sempre achámos que seria... Uma equipa sem jogadores, a recorrer a infantis... que sendo excelentes jogadores são dois anos mais novos ... e jogam ao domingo depois de terem jogado no seu escalão sábado! Não se lhes pode pedir milagres.
A maioria dos jogos aguentamos uma boa primeira parte, mas depois começamos a fraquejar. Somos a equipa com mais golos sofridos... o que mostra bem que é uma equipa desconjuntada... sem rotinas, sem sistemas mecanizados. Cada jogo é uma equipa... e tudo pode acontecer!
Ganhou-se com esta equipa «B» a possibilidade de os miúdos que não teriam lugar na equipa «A» manterem-se em competição... e isso já é muito bom! Provavelmente alguns miúdos já teriam desistido do futebol se não houvesse equipa «B». Só por isso temos de felicitar a decisão de criar esta equipa!
Agora, criada esta instabilidade, um grupo que foi dividido em dois... miúdos que vão ao banco da «A» e prefeririam ter jogado um jogo inteiro na «B»... Outros que vão à «B», mas preferiam ter ido à «A»... e muitas outras sensibilidades passíveis de gerar sentimentos negativos, o que me parecia importante era que se fizesse um trabalho psicológico mais intenso junto dos miúdos!
Relatos que vou ouvindo de miúdos que amuam nos treinos, outros que dão cacetada ao colega por vingançazinhas, outros que insultam os colegas, outros que até respondem mal ao treinador e ameaçam ir-se embora... tudo isso é mau, e leva a um mau ambiente! Um miúdo que não tem comportamentos destes, mas que vê estas situações... fica triste e desencantado!
Bem sei que isto é normal em todos os clubes, em todos os grupos. Sempre que há um conjunto grande de miúdos, cada um com a sua vivência própria, com o seu tipo de apetências, há ali rapazes com vidas muito diferentes, personalidades muito variadas, é normal que existam choques... mas , a meu ver... devia haver um esforço de fazer ver aos miúdos que há regras que têm de ser cumpridas! Nomeadamente uma básica: Respeito pelos colegas!
Quando isso falta... e ninguém corrige... é o princípio do fim!
Falta entusiasmo, falta motivação, falta vontade...
depois cada miúdo é um miúdo!
Há miúdos que são insultados pelo colega... e aquilo para eles é música de violino! Estão-se nas tintas...
Há outros que ouvem uma boca foleira e não dizem nada a ninguém... mas ficam ali a matutar naquilo... começam a questionar-se a si próprios. «Será que ele tem razão, que eu não sei jogar nada. Que sou uma porcaria de jogador?» e começa um processo de auto-culpabilização! que leva à desmoralização, à desistência!
Outros ainda poderão ouvir os insultos e encarar aquilo como uma ofensa e não esquecem. Vão vingar-se. Vingar-se no treino (dar-lhe uma cacetada por trás, mesmo quando ele não tem a bola...) vingar-se no jogo, «ah tens a mania que és esperto? Então não te passo a bola, vai-te lixar pá!»
Cada miudo é um miudo!
Uns são tímidos, não manifestam as suas frustrações.
Outros são muito expansivos, gritam, insultam, fazem gestos, mas no fundo aquilo não quer dizer nada, são apenas assim... levam tudo muito a sério. E às vezes ultrapassam o limite do razoável.
As reações são variadíssimas! E todas elas com consequências muito chatas para o grupo! Se não forem corrigidas. Se não houver chamadas de atenção! E que todos vejam! Que todos percebam que alguém agiu mal e que foi repreendido! Para ser pedagógico.
O Futebol não é só o treino com a bola! É também os indivíduos que ali estão. Seres humanos com os seus problemas, com os seus defeitos. E há que ter atenção a isso!
Já viram aqueles jogos da Playstation, tipo FIFA MANAGER e tantos outros?
Cada jogador, cada treinador, tem uma classificação com variadíssimos itens. Uns são bons numas coisas, outros são bons noutras.
Um dos itens que lá está, para os treinadores, é Recursos Humanos. Onde, obviamente, o Mourinho tem 20. Pontuação máxima!
Gerir grupos é gerir pessoas, é saber tirar o melhor de cada um, tentando que cada um dê muito ao grupo! Eu acho que é muito importante a parte psicológica... principalmente nestas idades!
Perceber as frustrações, as ambições de cada um, e ajudá-los a gerir isso! Sempre sem deixar que uns prejudiquem os outros. Se não o fazemos... lá se vai o grupo!
Repito, eu sei que isto existe em todos os clubes. Eu falo com pais que têm miúdos noutros clubes... e há disto em todo o lado. Em todas as equipas há miúdos descontentes, que achavam que tinham lugar na equipa e não são convocados... que achavam que não deviam ter saído e foram substituídos... que não gostaram dos treinos por isto ou por aquilo... que não gosta que o colega do lado o insulte só porque falhou um passe... Que acha que está no banco, mas que é melhor que outro que joga na equipa principal! Que não gostou de uma chama de atenção do treinador. Isto é normalíssimo... sempre aconteceu, sempre vai acontecer...
Isso é normal!
Agora perante estas situações há duas formas de entender o tema: Ou se age, ou se deixa andar... Agindo, corrigindo, ensinando, apoiando, conversando, orientando... consegue-se manter o grupo. Não fazendo nada, o ambiente degrada-se e o fim é o óbvio: é os miúdos a desmotivarem e a deixarem o clube... eventualmente a abandonarem mesmo o futebol!
É apenas uma opinião!
Um tema para reflexão!
Eu penso muito nestes assuntos... muito mais do que se ganhámos ou se perdemos!
Preocupo-me muito mais com os miúdos que ali estão... com os miúdos que são, os miúdos que vão ser... do que com resultados desportivos!
Mas isto sou eu... que já ando nestas coisas há uns anos e já percebi que sou uma ovelha tresmalhada fora do rebanho...
Abraços!
JPF
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