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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Palavras de Evangelista sobre os sonhos dos miúdos (e dos pais)

Vou tentar descobrir as palavras do Presidente do Sin dicato dos Jogadores de Futebol que, vi na tv, falando a propósito do sucesso da nossa selecção de SUB20, lançou um alerta para todos os pais que sonham vir a ser jogadores de futebol (e respetivos pais) e fê-lo com sentido pedagógico.

O discurso é mais ou menos este:

Vejam que temos uma equipa de jogadores com menos de 20 anos que são quase os melhores do mundo, mas já são seniores e não têm lugar nas equipas da Liga de Futebol portuguesa. Isto diz muito do que se está a passar no futebol português.

Numa altura em que proliferam pelo país, todas as semanas abrem novas escolas de formação de futebol, são milhares os miudos a sonhar com uma carreira no futebol... mas a verdade é que nem os melhores jovens do mundo têm lugar no campeonato português.

É um erro que se comete quando se abdica dos estudos, da aprendizagem de outras competências a sonhar com o futebol. A única coisa que têm como quase certa é que provavelmente vão chegar a seniores e ficam no desemprego... e depois não sabem fazer mais nada na vida!


Não é nada que não tenhamos aqui falado, mas é importante que se repitam estas mensagens de alerta.

Sonhar é bom... desde que se tenha consciência de que é apenas um sonho. Importante mesmo é ter os pés bem assentes na terra. Aprender, estudar, aplicar-se para se ter competências na vida... porque o futebol... bem, o futebol devia ser um divertimento!

Se sair a lotaria, e um miudo chegue a craque de milhões (atenção que a expressão «sair a lotaria» não é exagero, as probabilidades de se chegar ao mais alto nível são mesmo muito diminutas...)  se tiver competências para fazer outras coisas na vida, melhor ainda... vai saber gastar melhor o dinheiro que ganha. Agora se não lhe sai a lotaria, e não aprendeu mais nada... chega aos 30 anos, ainda um jovem, e não tem como sobreviver... na verdade não estudou, não aprendeu mais nada...

Se perguntarem, mas já há probabilidades de se chegar a uma equipa da 2ª liga se se for mesmo bom jogador... pois há... há mesmo algumas possibilidades... mas alguém quer ter uma profissão de jogador profissional a ganhar mil  a 2 mil euros por mês, numa profissão que acaba aos trinta e poucos anos???


Já no início do ano Joaquim Evangelista tinha sido muito crítico da realidade portuguesa quanto aos jogadores da formação dos clubes, falando na sequ~encia de um estudo sobre a demografia do futebol.



RECORDEMOS esta notícia da agência Lusa, publicada no Expresso On-line a 18 de Janeiro de 2011.




O presidente do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) , Joaquim Evangelista, defende a mudança da política desportiva para que mais jovens futebolistas sejam aproveitados pelas equipas portuguesas.
Apenas 6,4 por cento dos jogadores da Liga portuguesa são oriundos da formação, segundo o "Estudo demográfico dos futebolistas na Europa", menos 1,3 por cento do que em 2009.
"Já se constatava esta tendência de desaproveitamento da formação. Quem tem responsabilidades acrescidas deve procurar introduzir uma política desportiva no país que altere estes resultados", afirmou à Agência Lusa o líder do SJPF.
Joaquim Evangelista recusa justificações como a "redução salarial como fator de investimento nos mais jovens", porque "em alguns casos sobrepõe-se o negócio ao modelo de desenvolvimento e aos interesses dos clubes, que, apesar de terem passivos muito elevados e estarem à beira da falência, continuam a praticar atos de gestão danosa, sem qualquer tipo de consequências, porque há um sentimento de impunidade". 

'Fair-play' financeiro


"Não podemos deixar de ler estes números à luz do que vai ser o conjunto de regras disciplinadoras do ponto de vista desportivo e financeiro, conhecido como 'fair-play' financeiro. Os dirigentes ainda estão a tempo de mudar de política, sob pena de serem obrigados mais tarde", explicou. 
O presidente do SJPF critica ainda a "questão cultural" de "gestão dos clubes em função de um resultado desportivo": "Isso leva a que se apostem em jogadores estrangeiros muitas das vezes sem qualquer referência, mas que os dirigentes acham que vêm resolver os seus problemas". 

"É mais fácil iludir os sócios com um jogador brasileiro ou argentino"


"É mais fácil iludir os sócios com um jogador brasileiro ou argentino, do que com um português. Já diziam os nossos avós que os santos da casa não fazem milagres e, portanto, a política é tentar ir buscar um santo lá fora para ver se há milagres. A verdade é que os milagres não acontecem por acaso", referiu. 
Além dos dirigentes, Evangelista culpa ainda empresários e também os técnicos portugueses: "Há muitos treinadores que foram jogadores e enquanto praticantes queriam oportunidades mas são os primeiros, quando têm de optar, a optar por estrangeiros em detrimento do português. Esses treinadores, esses dirigentes e alguns empresários têm de ser responsabilizados", frisou.

"Loucura dos clubes portugueses em 'pescar' no Brasil" 


Por seu lado, o presidente da Associação Nacional de Agentes Futebol acusa o desaparecimento do limite do número de estrangeiros pela diminuição de futebolistas provenientes da formação, admitindo a "loucura dos clubes portugueses em 'pescar' no Brasil".  
"Já a instabilidade contratual explica-se com a necessidade dos jogadores tentarem constantemente a mudança, sempre à procura de um clube melhor e mais estável. Têm sempre a vontade de, quando possível, dar o salto. É uma mentalidade instituída ente diretores, treinadores, empresários desportivos e comunicação social", salientou Artur Fernandes. 

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